quinta-feira

Só existe uma doença no ser humano, e ela se chama Psora.

No Evangelho de João, capítulo 8, versículo 32, encontramos a seguinte afirmação de Jesus: "...conhecereis a verdade e a verdade vos libertará ."
Realmente, a verdade sempre liberta aqueles que estiveram, antes, mergulhados na ignorância e a ignorância é antiga companheira do Homem, mesmo dos mais cultos, pois cultura não significa, sempre, sabedoria.
Sabedoria se adquire com vivência e com a maneira como observamos o mundo e a vida, não pelo simples acúmulo de conhecimento. É culta a criatura que estuda mais, é sabia a pessoa que entende melhor, seja ela muito culta ou nem tanto. A sabedoria é permanente, é instável a cultura.
O próprio João Evangelista, que transcreveu as palavras de Jesus Cristo, o Mestre dos mestres, de forma tão especial, que cultura poderia ter ele em época tão recuada? Qualquer aluno de segundo grau, nos tempos atuais, possui mais cultura do que tinha João, porém, muitos doutores de nossos dias não têm um décimo da sabedoria dele.
Assim, voltemos ao texto de João: “...e a verdade vos libertará...”
A verdade que liberta é a verdade com V maiúsculo, a Verdade que permanece séculos afora, que enfrenta o progresso da Ciência sem virar peça de museu. Pode-se até duvidar dela, por motivos pessoais, mas não acusa-la de tolice já que terá, em todos os tempos, uma lógica admirável. Comparemos, para ilustrar, duas chamadas verdades por seus autores, apenas duas, entre tantas: O IIIº Reich e o Cristianismo. Adolf Hitler, com toda a pompa da qual se cercava, dizia que seu “Reich” duraria mil anos, e ele acreditava inteiramente nisto, na insanidade em que vivia. Durou uns poucos anos e terminou do jeito que sabemos. Jesus de Nazaré, que não tinha sequer um lugar próprio para pouso, em Sua imensa humildade, trouxe o Evangelho ao mundo e o demonstrou com exemplos magníficos. As palavras deste Ser sublime são eternas e penetram profundamente nas almas dos que se dispõe a lê-las e a vivenciá-las.
Há pouco mais de 200 anos, Samuel Hahnemann nos premiou com uma nova forma de entender a saúde e a enfermidade. Ao longo dos dois séculos de existência, a Homeopatia sofreu acréscimos importantes em suas bases teóricas e práticas, acréscimos esses, entretanto, que pouco mudaram a essência do pensamento Hahnemanniano. Um homeopata do século XIX e outro de nossos dias conversariam, se possível fosse, sem nenhuma dificuldade, sobre um paciente qualquer: ambos estariam de posse de um conhecimento teórico tal da homeopatia que a distância de mais de um século não emperraria o diálogo. Imaginemos situação semelhante para dois alopatas: um de 1907, outro de 2007, falando de algum enfermo. Talvez excetuando o diagnóstico da doença, se ela já fosse conhecida por ambos, o restante do diálogo seria impossível. A conduta do primeiro seria tão diferente daquela do médico moderno que eles não se entenderiam. Em uma avaliação rápida, tais diferenças tão marcantes significariam que houve grande progresso na alopatia e nenhuma evolução na homeopatia. Assim parece, mas não é real. Os remédios alopáticos e a maneira de tratar as doenças mudaram inteiramente em 100 anos, enquanto os remédios homeopáticos e o modo da Homeopatia entender a medicina pouco modificaram em 200 anos, apenas foram enriquecidos. Ou seja, a filosofia homeopática se assemelha a um edifício no qual acrescentamos andares acima sem destruir os andares de baixo e, muito menos, os alicerces. A construção alopática é uma torre de Babel: edifica-se uma parede mas demole-se outra, um operário cimenta cinco tijolos e outro os derruba em pouco tempo. Acaba se construindo algo, mas tosco, disforme. Falta, nesta obra, um plano diretor, um eixo sólido e permanente que oriente o crescimento porque cada nova descoberta da Ciência é uma pedra a mais para se depositar em alguma parte, ao mesmo tempo em que outras pedras devem ser retiradas, e assim por diante. O que hoje é a última palavra em terapêutica, amanhã não passará de velharia inútil. Vejam que diferença em relação às outras Ciências, como a Física e a Química. As descobertas de Newton e de Lavoisier enfrentam a prova dos anos sem se desmancharem em pó. Muito foi somado ao que eles descobriram, mas pouco subtraído, já que suas bases são bastante sólidas. Fato semelhante vemos na Homeopatia. Há sabedoria, portanto, nos legados de Newton, de Lavoisier, de Hahnemann e de muitos outros pesquisadores do passado, pois o que construíram não poderá ser desfeito, são Verdades.
Dito isto, poderemos entrar no cerne da filosofia homeopática, naquilo em que ela difere ainda mais da teoria alopática, ou seja, no conceito de doença.
Já abordei, em artigo anterior, que doença, para a Alopatia, significa um evento fortuito, algo que acontece mais ou menos ao acaso, por azar de quem a contrai e sorte de quem lhe está imune. Além disto, já que há uma causa para a enfermidade - e sempre haverá causa para qualquer efeito - ela estará, de acordo com a alopatia, inteiramente restrita à matéria, o corpo adoeceria por alguma deficiência na química celular. Não é assim para a Homeopatia.
Hahnemann percebeu, no início de sua prática com a Homeopatia, que as doenças que ele tratava desapareciam, mas, algum tempo depois, retornavam, às vezes até piores. Ora, refletia o alemão genial, se as doenças retornavam, após certo período silenciosas, era sinal que não haviam sido eliminadas, mas que permaneceram ocultas na intimidade dos pacientes, esperando o momento oportuno de ressurgirem, no mesmo tecido ou em algum outro órgão, qual ocorre, como sabemos hoje, com o vírus do herpes simples. Esta resposta é comum a todas as enfermidades tratadas segundo a maneira alopática, isto é, com o foco voltado apenas para a doença, sem observar as reações do enfermo e suas particularidades. Então, possivelmente considerava Hahnemann, ou a Homeopatia era mais uma terapêutica frágil em seus princípios, ou algo ainda necessitava ser descoberto para possibilitar melhor entende-la. Anos de observação conduziram-no à descoberta da peça-chave na filosofia Homeopática, por ele denominada Psora (do grego, significando estigma).
A Psora, portanto, é algo inerente a qualquer ser humano, sem exceção, um estigma da raça, pré-existente a todas as doenças, propiciando terreno fértil para a eclosão delas, permitindo que se instalem e progridam em nossos corpos, tenham lá o nome que tiverem. Sem a Psora, nunca ficaríamos doentes.
Alguns homeopatas modernos propõem que a Psora seja o próprio código genético (DNA) alterado dos indivíduos, com o que discordo, pelos motivos a seguir: As mutações são, no entender da Ciência, aleatórias, isto é, ocorrem eventualmente em uma ou outra célula, por vários motivos e a cada dia. Quando tais mutações do DNA atingem genes vitais para o metabolismo celular, a célula assim afetada morre e, desta forma, em nada compromete o funcionamento do organismo. Todavia, se a mutação do DNA não atinge genes vitais, a célula pode continuar a viver e a se dividir, gerando células-filhas idênticas a ela própria, isto é, anormais. As células filhas também se dividirão em outras células anômalas e, em um tempo variável, grandes extensões de tecido estarão invadidas pelo clone dessas células mutantes. Assim é que surgem os tumores benignos e malignos, entre outras tantas enfermidades. Entretanto, as células normais possuem mecanismos de defesa que dificultam e freqüentemente impedem que suas vizinhas, quando mutantes, consigam sobreviver. Se tais mecanismos de defesa falham, eclodem as anormalidades, ou seja, aparecem algumas doenças catalogadas pela medicina. Logo, quando algo falha na defesa do organismo, este “algo” refletirá uma deficiência das células ditas normais, que não combateram adequadamente as outras células alteradas, com DNA mutante. Se o câncer cresce em um tecido qualquer, tanto as células “normais” deste mesmo tecido estão passivas em relação à anormalidade de um pequeno número de células irmãs, quanto todo o corpo não está reagindo como deveria a algo potencialmente letal. Portanto, não foi o DNA mutante, sozinho, que fez a doença aparecer, mas, também, alguma função normal de todo o ser enfermo que deixou de exercer a plenitude de sua atividade protetora. Logo, se pensarmos que Psora e DNA alterado sejam sinônimos, teremos de aceitar que este DNA anormal surgiu na primeira célula de um indivíduo, ou seja, ainda no ovo, para ter capacidade de transmitir sua anormalidade para a totalidade das células-filhas do organismo. Além do mais, já que a Psora está presente na raça humana inteira, esta alteração da primeira célula do ovo existiria em todos os seres-humanos. Se assim fosse, ou deixaria de ser uma anormalidade ou a raça humana desapareceria. Este raciocínio simples, derruba, a meu ver, a hipótese, em questão, de que Psora seria uma alteração genética.
Por ser assim presente na generalidade dos seres humanos, e como afastamos a possibilidade da Psora ter sua origem no DNA alterado, sobram duas outras possíveis identidades para a Psora:
1º Estaria localizada em algum transtorno bioquímico das células (de todas elas, sem exceção), sem que houvesse mutação no DNA nas mesmas.
2º Não estaria localizada nas células.
A primeira hipótese é tão inconsistente quanto aquela discutida linhas acima, e erra nos mesmos princípios. Não necessita, portanto, de maior investigação.
A segunda, todavia, merece profunda atenção. Vejamos, pois: Os seres vivos são compostos de células e material inerte por elas depositado. Um osso, por exemplo, é constituído de matriz a base de cálcio, não viva, e células que constroem e desfazem esta matriz, na medida das necessidades do Ser. Portanto, a parte viva do vegetal ou do animal está formada apenas de células. Como deduzi que a Psora não está nas células, ou ela residiria na partes inertes do Homem, quais pêlos, unhas e outros componentes orgânicos sem vida, o que é absurdo para algo tão importante quanto a Psora, ou se fixaria em uma região invisível para nossos olhos, mas vital. Neste ponto, a Ciência ortodoxa se detém, incrédula de que qualquer coisa possa existir sem que seja assinalada pelos cinco sentidos humanos ou, o que dá no mesmo, pela prospecção das máquinas que a própria Ciência criou. Isto me faz lembrar do cientista que insultou um assistente de Edison, chamando-o de ventríloquo e mistificador, depois de escutar uma gravação feita, de sua própria voz, sobre um pequeno cilindro de estanho, em frente a este colega incrédulo, no aparelho mais tarde denominado fonógrafo. Para tal doutor de mente curta, gravar a voz seria algo impossível. Hoje, até brinquedos gravam vozes... Retornemos à nossa Psora. Então, a lógica aponta para a existência da Psora em níveis extra-físicos, porém vitais para os seres humanos, e Hahnemann, vitalista que era, identificava a Psora como uma forma anômala de energia presente na raça humana inteira, sem exceção, pois todos nós estamos sujeitos a desenvolver enfermidades, sejam simples resfriados, sejam cânceres etc. Além do mais, já que ocorrem, a cada dia, abortos espontâneos devido, entre outros motivos, à inviabilidade vital de fetos, conclui-se que fetos adoecem e morrem, até mesmo antes de terem um corpo reconhecido como humano, ainda embriões, ou até mais cedo, logo após a formação do ovo.

A Ciência oficial argumenta que estes abortos ocorrem devido a importantes alterações genéticas, pouco depois da fusão dos gametas paterno e materno. Sem dúvida, assim é. Porém, como argumentamos que o acaso não pode existir, pois, se assim fosse, Deus seria uma ilusão, já que um de Seus atributos, a Omnipresença, estaria derrubado, tais alterações genéticas não se manifestam sem um motivo, sem a aquiescência divina. Um outro atributo da divindade é a Justiça - Deus injusto não é Deus. Portanto, como haveria justiça sem uma causa para determinado efeito? O aborto de um embrião, mesmo ainda nas fases mais precoces de desenvolvimento, só pode ocorrer em conformidade com a vontade de Deus que, justo como é, não o permitiria sem uma causa anterior ao próprio corpo material, causa esta advinda de ato equivocado de uma inteligência responsável pelo que fez. Portanto, a Psora, esta companheira indesejada de todos os Homens, existe antes da formação de nossos corpos físicos atuais, sendo algo, portanto, imaterial. Além disto, ela se confunde com a justiça perfeita de Deus ou, nas palavras de Jesus: "A semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória".
Se assim é, que “coisa” imaterial estaria afetando todas as criaturas humanas antes mesmo de terem um corpo físico? E que princípio é este, tão tenaz e potente, que não poupa ninguém?
Para os que crêem em Adão e Eva e no pecado original, esta é uma explicação plausível, pois afetaria todos os Homens sobre a Terra e estaria presente, como um estigma, antes mesmo de sermos gerados. As doenças seriam o resultado do mau proceder do primeiro casal humano, como diz a Bíblia, a afetar até mesmo sua mais longínqua descendência, pelos milênios afora. Algo muito injusto, creio eu, e, assim, distante de Deus. Embora respeite as convicções de quem quer que seja, esta não é minha maneira de entender a Psora, maneira minha esta que também ficará sujeita à rejeição, dentro da liberdade de pensamento a que todos temos direito.
Penso, como adepto da Doutrina Espírita e, portanto, reencarnacionista, que Deus cria Seus “filhos” simples e ignorantes, ou seja, todos semelhantes, dentro do princípio da perfeita justiça, própria do Ser supremo, conforme acima me referi. Seria profundamente injusto sermos criados, como espíritos, no momento da formação do corpo, como querem algumas religiões, pois nascem crianças destinadas ao sofrimento e, outras, afortunadas. Já que, conforme pensam alguns, nem a sofredora, nem a criança feliz e saudável fizeram absolutamente nada antes de nascerem, pois não existiriam física e nem espiritualmente, que Deus injusto é este, das religiões não-reencarnacionistas, inclinado a premiar uns e a castigar outros, sem qualquer motivo? Onde está a lógica deste pensamento?
O destino de todas as criaturas também é um só: a maior proximidade possível com Deus, o que algumas religiões chamam de paraíso.
Portanto, segundo penso eu e nos é ensinado pelos espíritos superiores, somos criados iguais e temos o mesmo destino na eternidade. Um mesmo princípio e um mesmo destino, sem preferências, sem "escolhidos".
Nossa opção pessoal fica situada entre estes dois extremos, é aí que funciona o livre-arbítrio, pois, se trilhamos o caminho do Bem seguimos em linha reta até o nosso destino comum, que é a presença de Deus, mas, se optamos pelo Mal, daremos voltas e mais voltas para aprender e reparar este mal, retardando o almejado encontro do “Filho Pródigo com o Pai”. Tudo se passa como a um aluno em educandário - aprendeu a lição, é aprovado, progride; não aprendeu, volta para a mesma classe a fim de melhor entendimento da matéria.
Entre a nossa criação e o término da jornada há uma distância evolutiva imensa, talvez maior do que a distância que separa o verme do ser humano. Não é possível partirmos de seres primários, recém-criados, e atingirmos as culminâncias da companhia divina em poucos anos, nem em alguns séculos. Não é admissível que uma criança mal alfabetizada se inscreva em um curso de pós-doutorado. Eras são necessárias para que, pelo esforço pessoal de aprimoramento, atinjamos o cobiçado encontro com Deus. Uma vez que nossos corpos duram, quando muito, 100 anos, é impossível chegarmos à perfeição relativa em apenas uma vida no corpo, ou encarnação. Muitos e muitos nascimentos e mortes, muitos e muitos corpos nos servem de moradas transitórias, a nós, espíritos eternos em aperfeiçoamento. Por meios dessas passagens pelos corpos, intercaladas de estadias nos planos de vida extrafísicos, onde também podemos evolver (“há muitas moradas na casa de Meu Pai...”), as duas “asas” do futuro e alegórico “anjo” vão sendo desenvolvidas, sempre pelo esforço pessoal. Estas duas “asas” são o Amor e a Sabedoria que construímos pessoalmente, por pensamentos, palavras e atos acertados, e que, portanto, com justiça nos pertencem. Os corpos físicos são, por assim dizer, degraus em que nós, espíritos eternos, nos amparamos na enorme ascensão, sem jamais perdermos a identidade própria, pois a morte dos corpos nunca aniquila nossas consciências enquanto espíritos. Como somos herdeiros das próprias ações, temos méritos e débitos seculares registrados em nosso corpo etéreo, aquele mesmo corpo etéreo dos Profetas e que foi visto por Pedro junto a Jesus. Os débitos exigem resgates, recomeços, para que se transformem em méritos e, finalmente, consigamos vestir a “túnica nupcial”.
Apesar da amnésia do passado que os corpos físicos proporcionam, amnésia completa em uns e parcial em outros, há uma força que é comum a todos, responsável pela cobrança íntima dos débitos. A esta força convencionou-se chamar de “consciência” e dizemos: “Minha consciência me acusa...” ou “Fulano não tem consciência para poder praticar esse crime...” Esta denominada consciência tem, por fim único, impulsionar-nos à vitória sobre nossos erros, isto é, evoluir. Seu filho dileto é o remorso. Quando sentimos remorso, contamos com o instrumento necessário para o próximo passo, que é agirmos corretamente doravante. Se não o fizermos, o remorso persistirá cobrando e cobrando aquele débito, implacável, sem maneira dele escaparmos já que faz parte de nosso ser até saldarmos todas as dívidas. Como tudo o que é imperfeito deve desaparecer de nossos espíritos antes de alcançarmos o término da jornada, os remorsos também se extinguirão um dia, por nada mais terem a cobrar, restando, só então, o espírito puro, imagem e semelhança de Deus, retrato fiel do Mestre maior, Jesus Cristo.
Assim, qualquer espírito, em sua marcha evolutiva, antes de poder resplandecer junto a Deus, encontra-se encoberto de impurezas, qual diamante incrustado na rocha bruta. Tais impurezas são geradas pela ignorância de nossa consciência superficial, conhecida como ego entre os hindus. Temos, portanto, nossa verdadeira essência, a matriz de tudo que fomos e que seremos um dia, denominada de espírito, pura energia, coberta temporariamente de um corpo imperfeito, também composto de energia, embora muito mais densa do que a do espírito (chegando até à semi-materialidade nos seres mais rústicos), invisível aos olhos de carne, denominada, entre os Espíritas, de periespírito e que tem, como uma das funções, a de tornar possível um acoplamento do espírito aos corpos físicos nas reencarnações. O periespírito, ou corpo espiritual, sobrevive à morte dos corpos físicos e carrega consigo a memória de tudo o que fizemos, em todas as encarnações. As más ações lá estão como “manchas”, verdadeiras chagas energéticas, gerando disfunções psíquicas e orgânicas nos futuros reencarnantes, como a lembrar que é indispensável reparar os erros para se ter plena saúde física e mental. No plano mental, sentimos tais “manchas” como remorso, não sabemos de que, por causa da amnésia que o corpo denso nos confere quando reencarnados, ocasionando angustia e ansiedade, maior ou menor, na dependência da gravidade do erro. No corpo, as “manchas” perispirituais condicionam as doenças, todas elas. Não é isto a Psora de Hahnemann?
Com o intuito de ser mais claro, recorrerei, uma vez mais, ao exemplo: Imaginemos que João assassinou Maria, por asfixia, na encarnação anterior dele. Anos mais tarde João também morreu (desencarnou) e, depois de muito sofrer como espírito endividado, no plano astral, renasce em outro corpo, é claro, para desfazer o ódio que sentia por Maria e, aos poucos, transforma-lo em amor. Assim funciona a “escola” divina em que estamos “matriculados”, dando-nos quantas chances forem necessárias para a nossa salvação. Caso o novo corpo que o antes denominado João recebeu fosse saudável, e havendo a amnésia que a matéria física confere a quem reencarna - amnésia bendita, diga-se de passagem, pois se recordássemos sempre do que fomos no passado, a vida na Terra seria um martírio maior ainda – existiriam, então, poucos estímulos para João se reformular, progredir moralmente. Mas, não. Está lá no perispírito do ex-João, atual, digamos, Olegário, a marca provocada pelo remorso do assassinato de Maria. Como ele a matou por asfixia, creio justo que esta marca esteja imersa na região perispiritual que comanda os órgãos respiratórios do atual Olegário. Aí está a causa da asma, ou da tuberculose pulmonar, ou do enfisema, ou seja lá do que for diagnosticado na medicina humana, sempre ambientada nos pulmões de Olegário, a cobrar, pela dificuldade respiratória, o necessário resgate do ato criminoso de outrora. Repito: Não é isto a Psora de Hahnemann?
Um leitor pouco afeito a estas questões poderia, agora, pensar que Deus seria cruel (se assim fosse, não seria Deus), ao criar leis permitindo a existência da dor. Por isto, religiões há que enfatizam a figura do diabo como causa dos sofrimentos do Homem. Sem querer estender muito este artigo e entrar no assunto da existência de UM diabo que eternamente guerreie contra Deus (??), indago se estas mesmas pessoas que acham Deus incapaz de permitir o menor sofrimento em seus filhos, não dariam muitas injeções dolorosíssimas nos filhos delas para os salvar de doença grave. Claro que sim! Um bom pai ou uma boa mãe aplicariam ou permitiriam tais injeções sem pestanejar, com o coração doendo mas repleto de amor, desejosos de ver seus filhos saudáveis. Para as crianças que sofressem a dor das agulhadas, os pais se comportariam como monstros, por não entenderem a intenção dos mesmos. Chorariam, gritariam, blasfemariam mas seriam contidas e obrigadas a receber as doses salvadoras das injeções. Outras crianças que assistissem esta cena, dariam toda a razão aos amiguinhos, também por não entenderem o que levou os pais a fazerem tamanha barbaridade. E haveria, entretanto, imenso amor paternal no ato das injeções. Com o passar do tempo, e entendendo que os pais são amáveis e bons, estas crianças procurariam um "bode expiatório" para justificar a dor que sofreram e elegeriam, de maneira equivocada, o médico ou a enfermeira como os "diabos" que lhe impuseram tal sofrimento, aparentemente contra a vontade dos genitores. Estaria formada a dicotomia Deus e "diabo".
Somos crianças espirituais. Acho desnecessário continuar este tópico, pois, para bom entendedor...
Temos, portanto, explicado, mal ou bem e segundo meu ponto de vista, o que vem a ser Psora e a sensação de angustia e ansiedade, sem motivos aparentes, que induz em todos nós. Chama-se esta ansiedade de “ansiedade existencial”. Tanto faz o nome que tenha, ela é a Psora.
Resta, agora, entender que ninguém consegue conviver com uma aflição interior que não tenha motivos aparentes. Rapidinho, nosso ego busca uma causa fora dele mesmo. Aí, o ego sai com essa: “Não está em mim, é óbvio, a causa de tanta ansiedade. Estou assim por causa daquele meu patrão, sempre me perseguindo, ou porque não tenho todo o conforto que mereço, ou porque minha mulher (marido) não me entende, ou por isto, ou por aquilo, ou por aquilo outro...” Pronto, a doença progrediu. E progrediu porque, se creio que a causa dos meus ais se encontram no mundo que me cerca, e não em mim mesmo, impõe-se uma imediata reação de defesa, aliás duas possíveis reações de defesa:
1ª “Parto para cima das pessoas que me cercam e domino elas todas, usando de artifícios que nem imaginam, em silêncio, por trás dos panos, ou mesmo, se precisar, na marra, ali, olho no olho, cara a cara. Vão ver só com quem estão lidando. Um dia vão entender como sou importante no mundo e me darão o justo valor. Terei uma fortuna, carrões, aviões, iates, estátuas enormes enaltecendo minha pessoa. Nunca descansarei antes deste momento, mesmo que precise trabalhar 20 horas por dia ou, quem sabe, subtrair o dinheiro que há por aí e que me pertence, pelo menos uma parte, por justiça, a fim de atingir meus objetivos. Elas não sabem com quem estão lidando”. Eis a Sicose.
2ª “O mundo ingrato quer me destruir, não é? Pois destruirei, eu, a tudo primeiro. Aos Homens, que me perseguem, e a este mundo mal planejado, repleto de injustiças e incompetências. Depois, sobre as cinzas, construirei uma nova ordem, a ordem que durará para todo o sempre, sem erros, sem falhas, impecável. Primeiro desapareço de cena, me finjo de morto, enquanto planejo a merecida vingança. Depois...Me aguardem...”. Eis aí a Sífilis (que não tem relação obrigatória com a doença homônima sexualmente transmissível).

Sicose e Sífilis, segundo as denominou Hahnemann, dois movimentos inconscientes opostos, ambos oriundos da Psora, mãe fecunda de todas as doenças.
Na Sicose, nossa energia vital se expande, quer abraçar o mundo e coloca-lo no bolso, dominado e submisso. Na Sífilis, nossa energia vital se atrofia, desejosa de esconder-se do meio agressor e destruí-lo anonimamente. Como é a energia periespiritual quem comanda todos os movimentos das células de nossos corpos e, também, da nossa mente superficial, a sicose condiciona enfermidades com substrato expansivo, tais como tendência à obesidade, verrugas e tumores outros, benignos e malignos, internos e externos, infartos por hipertrofia do interior das artérias, hipertensão arterial, hipertireodismo, hiper, hiper, hiper... Já na Sífilis, tudo é hipo, o corpo se torna esguio e, se não for o bastante emagrecer para compensar a energia encolhida, surgem necroses, que são perdas de massa, tenham lá a causa aparente que lhes atribua. A própria tuberculose é uma doença oriunda da Sífilis (não venérea, energética), pois sua característica maior é a abertura de crateras nos pulmões, nada mais do que perdas localizadas de tecido. Dirão: “Que cara ignorante este. Todo médico sabe que a tuberculose tem o Bacilo de Koch como causa e, matando-se o bacilo, cura-se o paciente”. Eu também sei disto, desde os tempos da faculdade. Posso também dizer que o Bacilo de Koch tem relação estreitíssima com a tuberculose, tão próxima que, quando o bacilo some, as cavernas cicatrizam. Mas, a cicatrização de uma caverna tuberculosa não significa cura do ser tuberculoso, ou melhor ainda, do ser sifilínico (atenção, não significa doença venérea). Fechada a cratera tuberculosa, pelo uso dos antibióticos específicos, o médico dá alta ao paciente, com natural e justa satisfação para ambos. E depois? Depois, a Sífilis (não forçosamente venérea, repito sempre), continuará cobrando seu tributo ao ex-tuberculoso, se ele não se melhorar moralmente, enquanto filho de Deus que é. Aparecerão, no futuro deste ex-tuberculoso, nova tuberculose ou qualquer doença do rol da Sífilis (de novo, não venérea), no corpo ou na mente. Se ele fosse Sicótico, o mesmo aconteceria, no extremo oposto. O tratamento homeopático bem aplicado controla estes des
vios da normalidade, auxiliando o próprio enfermo a se curar.
Psora, Sicose e Sífilis são os limites que Deus nos deu, a todos, enquanto insistirmos em permanecer insubmissos e afastados do Criador. Mais um motivo para meditarmos nas palavras de Jesus, quando disse que o caminho da salvação é estreito e difícil.